terça-feira, 25 de julho de 2017

A luz que não se apaga quando chega a madrugada

Ah, este silêncio ensurdecedor aqui dentro de mim madrugada adentro. Está tão alto que não consigo dormir. Aquilo que fala pelo sentimento. Quem cala, sente. Sente aquilo que é mudo quando a gente quer mudar. A palavra muda. A gente planta, ela cresce, floresce e se multiplica à espera da colheita por entre tantos sinais de pontuação. Amadurecer dói. Haja sol, e chuva, e vento, e calor, e frio, e chuva, e sol, e frio, e calor, e vento, e vida até cair da árvore. Às vezes dá vontade de chegar no pessoal que inventou a sabedoria e dizer um grandiloquente: foda-se! Mas gritar ou escrever em caixa alta geralmente não adianta, pois pode machucar mutuamente; saímos sofrendo e ainda devendo perdões. Para si e para outrem. Foi a sábia dentro de mim que me ensinou e a aprendiz dentro de mim que me aprendeu. Vixe, reparei que perdoar tem o mesmo radical que perder. Perder a dor por se doar para ficar mais leve? Ora, nem me adianto em ir além dessas questões; em meio ao meu caos do aqui e agora, não tenho tempo para etimologia e filosofia baratas. Cadê o silêncio que estava aqui? Ah, nem soube se calar direito; eu o encontrei antes do 1,2,3, salve todos. Porque mesmo escrevendo rápido e sem filtros, na esperança de que ele possa fugir de mim, ele insiste em me existir sem me aliviar.