sábado, 21 de fevereiro de 2009

"Deixe de ser suplente!"

Estamos em plena folia momesca e lá vamos nós falar de política, que, junto ao futebol e à religião, torna-se das mais difíceis discussões. Mas vejam só: nessa última quinta, eu estava a assistir à propaganda política obrigatória do PTC - Partido Trabalhista Cristão, quando em meio às diversas abobrinhas demagógicas, um dos "garotos-propaganda" disse:

- Chega de ser um escravo do partido: venha pro PTC! Deixe de ser suplente!

Hã? É pra rir? Pra que serve o partido político, afinal? Foi então que caiu a ficha e eu refleti que aquilo não era demagogia, e sim, a mais sincera função daquela legenda: eleger-se, nada menos e muito a mais! Ora, mas não se trata de um partido trabalhista e cristão? Onde ficaram os valores ideológicos que subsidiam e inflamam seus representantes a conquistarem a confiança e o voto dos eleitores?

Ao analisar o Estatuto do partido da legenda 36, verifiquei que tais "valores" estavam delimitados a um único artigo, o 2º, só para constar, dentre às burocráticas decisões sobre a cadeia hierárquica, permanência e competências funcionais de seus filiados partidários.

A que ponto chegamos! Pois, de um modo perverso, estamos utilizando palavras cujos signos ideológicos são dos mais fortes, no intuito de mobilizar semanticamente o cidadão comum, embora não para plataformas políticas legítimas, mas somente eleitoreiras.

Sim, meus queridos, é a morte da ideologia. Mas com direito à vista pro mar dos três poderes, como também, e principalmente, à prosperidade pululante advinda através do voto e do suor alheio e, é claro, às graças concedidas através da oração ufanista de quem ainda consegue crer nos partidos políticos deste nosso país...
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sábado, 7 de fevereiro de 2009

A odisseia dos carrinhos.


Estava voltando para casa de carona com uma amiga, quando resolvemos passar rapidinho no mercado para umas compras básicas. Era início de mês e estávamos, inclusive, preparadas para enfrentar filas enormes, trabalhando desde já a paciência.

Passamos no primeiro hipermercado e logo começou a nossa saga: procuramos carrinho em toda parte e nada. Por fim, fomos informadas por uma funcionária que todos os carrinhos disponíveis estavam dentro da loja! Ou seja, nem com toda a paciência do mundo enfrentaríamos uma fila daquelas, com as compras na mão!

Então, fomos a um outro hipermercado mais próximo e, ao chegar lá: carrinhos disponíveis, oba! Eu e minha amiga nos separamos e combinamos de nos encontrar na saída. Transitando com muita dificuldade, lá fomos nós, cada uma em direção aos seus produtos necessários. Pelo congestionamento nos corredores, eu já podia imaginar o que me aguardava no caixa.

No caminho até a parte de frios, vi um amontoado de pessoas em frente à bancada de frango congelado. Estavam ávidos, porém, imóveis. Era como se esperassem o tiro inicial para uma corrida em direção a algo. Não entendi nada...

Dali, fui pegar pão, mas desisti imediatamente ao ver uma mulher batendo boca com uma funcionária, pois ela tinha visto uma baratinha circulando por ali... Ops, vamos às bolachas!

Não demorei muito e acabei meus itens. Fui em direção ao caixa rápido, mas a fila de carrinhos era imensa, tomando toda a lateral do mercado. Era a visão do inferno, algo impossível de se descrever! Olhei em volta e percebi que tinha uma fila mais ou menos vazia, com carrinhos parcialmente lotados. Pedi licença às pessoas da longa fileira e me pus a aguardar.

Minha amiga chegou logo após, porém preferiu arriscar a fila ao lado... Àquela altura, eu já estava morta de fome. Uma batata frita à minha frente estava me paquerando e eu, educadamente, comecei um mantra pessoal: "a fila vai andar, a fila vai andar, a fila vai andar". E não é que a minha fila de fato andou? Sábios chicleteiros...

Visualizei minha amiga na fila dela. Continuava parada.

Para me distrair, fui olhar ao redor (afinal, aquilo ali era uma legítima "sombra de poste"!) e me vi num mar de carrinhos de supermercado! Não somente eu, mas as outras pessoas também traziam em seus semblantes a fome, o olhar cansado de um dia de trabalho e, pior, o alívio do fim de um janeiro magro, após gastarem o 12º e o 13º salários com as compras de final de ano...

Passei minhas compras e, de repente, lá estava a minha amiga me aguardando ao final do guichê, sem compras! Em seguida, foi me explicando que seu caixa estava lento e ela era a única pessoa a se incomodar com a situação, blá, blá, blá. As pessoas da fila e ao redor lhe diziam: "não desista!, não desista!". Mas ela foi firme na decisão. E ainda me explicou o porquê das pessoas ao redor da gôndola do frando congelado: foi anunciado que ele entraria em promoção a qualquer momento...

Rindo muito da situação, saímos dali e eu falei: isso merece um post!





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