quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

No tempo dos sem tempo.

Chegamos à chamada Era da Informação, onde o homem mudou de sorte, passando a precisar de uma capacidade criadora e pensante, com acúmulo de conhecimentos e informações para o sucesso profissional, em detrimento do suor e das mãos calejadas de outrora... Para tanto, precisa-se de trabalho especializado, habilidades informáticas e aguçada rapidez, tanto de raciocínio como de comunicação, afinal: “time is money, baby”!

Chacrinha já dizia que “quem não se comunica, se trumbica”. E no que tange à comunicação, desde os tempos remotos da escrita e da fala, nossa linguagem é viva, ou seja, a maneira de se comunicar vai modificando para uma melhor adaptação e forma de emitir e receber as mensagens. É em nome disso e, principalmente, da atual velocidade das informações, que vivemos na língua portuguesa o fenômeno do “internetês” – a abreviatura de palavras que todo mundo já conhece e está cansado de saber: vc, tb, pq, blz, flw, kd, fds etc. Os adolescentes fazem isso com maestria, a gente vai entendendo como pode e quem quiser sobreviver é que tem de se adaptar. Ou por acaso Darwin estava errado?

Foi tentando me adequar a essa realidade e dar conta do “internetês”, dos gerundismos, anglicismos e outros ismos cotidianos, que comecei a perceber aqui na Bahia a utilização de um modo íntimo e apelidado para referir artistas e suas bandas musicais, como por exemplo:

– Amiga, e aí? Onde você vai passar o Reveillon? Eu tô pensando em ir pra Morro, porque que vai ter Ivete... Ou então em P.F., com Chiclete e Margarete!
– Pô, 'miga', tipo assim, eu ainda não sei. Acho que em Porto ou Arraial!
– O que vai ter em Arraial?
– Asa e Aviões, minha filha! Vai ser massa...


Além de me divertir, pra variar, cá eu fico, com meus botões, em meu almanaque de pensamentos sobre os porquês dessa quase preguiça de se dizer o nome inteiro das coisas, dos lugares e das pessoas. Será que há mesmo a necessidade de se falar tão rápido o que se está pensando ou querendo dizer? Que tempo é esse que vamos ganhar em nome da agilidade dessa comunicação?

Talvez por isso, como reflexo dessa nova condição humana, sejamos tão ansiosos para resolver as coisas, tão impacientes para esperar na fila do supermercado, tão apressados para atravessar a rua!

Só espero que, de tanto abreviar o tempo e as palavras, não acabemos nos comunicando através de ruídos. Aí, ao invés de evoluir, retornaríamos para a Idade da Pedra Lascada...

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2 comentários:

  1. às ,vezes eu me sinto um poste,é tanta ponga que surgi em minha ponga...!Adorei esse blog,precisava de uma coisa interessante pra me sentir menos louco urbanóide,menos capital ,metrópole.Na sombra do poste eu já vi foi coisa.....

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  2. CAda vez que visito este blog, fico mais apaixonado por ele.
    Janine.(risos), você está de parabéns, pois, conseguiu de forma brilhante transformar em literatura o cotidiano, sem perder o charme da vida real.
    Felicidadessss....

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